terça-feira, 13 de agosto de 2024

Projeto internacional leva a cidadania para escolas de Caicó

 


Por meio do projeto internacional Nós Propomos, quatro escolas públicas de Caicó recebem, desde o dia 7 de agosto, ações educacionais que ensinam a cidadania. A iniciativa é fruto de uma parceria entre a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Universidade de Lisboa (ULisboa), e é colocada em prática pelo Centro de Ensino Superior do Seridó (Ceres/UFRN), no Seridó potiguar.

A parceria foi firmada em 2023, durante a visita de Sérgio Claudino Loureiro Nunes, professor da ULisboa, à Caicó. O projeto é realizado pelo Instituto de Ordenamento e Gestão do Território (Igot/ULisboa) e pelo programa de Mestrado Profissional em Geografia (Geoprof/Ceres). No âmbito da UFRN, a ação é coordenada por Iapony Galvão, do Departamento de Geografia (DGC/Ceres).

As instituições escolhidas são a Escola Municipal Raimundo Guerra e as escolas estaduais Zuza Januário, Antônio Aladim de Araújo e Calpúrnia Caldas de Amorim, que recebem as ações devido às suas localizações em áreas periféricas e presença de alunos de alta vulnerabilidade social. De acordo com Sérgio e Iapony, o projeto amplia as possibilidades de transformação social nas organizações.

Nós Propomos realiza ações de doação de sangue, de prevenção de acidentes de trânsito, de combate à violência contra a mulher, de prevenção ao suicídio e de conscientização acerca da saúde feminina e masculina, além de proposições de soluções aos problemas da comunidade local.

Equipe do projeto Nós Propomos. Foto: Iapony Galvão

Para o aluno Waldemar, de 12 anos, da Escola Municipal Raimundo Guerra, as ações o auxiliam a observar melhor os problemas da cidade e trazer, como cidadão, as soluções. “A partir da realização do projeto, vi que necessitava agir de forma mais respeitosa no trânsito, atuando como ciclista ou pedestre”, afirma o aluno.

Além das ações de educação e cidadania, o professor Sérgio Claudino ministra, também em Caicó, a disciplina Material Didático e Ensino de Geografia, no Geoprof, entre os dias 7 e 16 de agosto. O Mestrado é coordenado pelo Ceres e pelo Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA).

Para Iapony, a realização de um projeto internacional como o Nós propomos! em Caicó consolida a presença da UFRN no território potiguar. O docente destaca a importância da parceria internacional com a Universidade de Lisboa no desenvolvimento social potiguar, a partir da educação e da cidadania. Já Sérgio avalia a ação como benéfica para o interior do Rio Grande do Norte. “O projeto contribuirá cada vez mais para constituir uma educação cidadã que possa efetivar transformações sociais em Caicó e no Seridó potiguar”, declara.

O projeto também contempla os objetivos referentes à internacionalização e à interiorização do Ensino Superior do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da UFRN para o período 2020-2029.

Sérgio Claudino Loureiro Nunes em Caicó. Foto: Iapony Galvão

Nós propomos!

O projeto internacional Nós Propomos! Cidadania e Inovação na Educação Geográfica, iniciou a sua trajetória em 2011, em Portugal, no Igot/ULisboa, sendo fundado e coordenado por Sérgio Claudino Loureiro Nunes. O objetivo era identificar os problemas socioambientais locais e favorecer a busca de soluções para as comunidades, auxiliando na construção da cidadania através da educação.

Após ter sucesso no país de origem, o projeto se expandiu para além das fronteiras portuguesas, envolvendo, na atualidade, mais de 60 universidades, centenas de instituições de educação básica e milhares de alunos em outros países, como Espanha, Brasil, Moçambique, Peru, Colômbia e México. O intuito é fomentar atividades e ações educacionais que possibilitem estimular a formação cidadã dos alunos, favorecendo o desenvolvimento social e contribuindo para o desenvolvimento socioambiental sustentável nos locais onde atua.

Para Iapony, o impacto acontece ao promover enfoques metodológicos inovadores no ensino dos problemas locais e suas soluções, a partir das proposições dos estudantes, integrando a comunidade universitária com a sociedade.

segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Prouni: pré-selecionados devem apresentar documentação até quarta

 


Os candidatos pré-selecionados na primeira chamada do Programa Universidade para Todos (Prouni) referente ao processo seletivo do segundo semestre de 2024 devem apresentar sua documentação às instituições de educação superior até quarta-feira (14).

O programa federal oferece bolsas de estudo integrais e parciais em cursos de graduação e sequenciais de formação específica em instituições de educação superior privadas. A iniciativa tem duas edições por ano.

Em 2024, o MEC ofertou 651.483 bolsas no Prouni, entre integrais (100%) e parciais (50%). Nas duas edições do ano, o programa teve 910.419 candidatos inscritos. Como cada participante pode escolher até dois cursos, o Prouni teve mais de 1,8 milhão de inscrições neste ano.

O Ministério da Educação (MEC) divulgou o resultado da primeira chamada em 31 de julho, no Portal Único de Acesso ao Ensino Superior.

Comprovação

Os candidatos podem entregar a documentação para comprovar as informações prestadas no ato de inscrição presencialmente ou encaminhar por meio virtual às instituições para as quais foram pré-aprovados. A documentação será encaminhada ao coordenador do Prouni dentro da própria instituição.

A instituição deverá disponibilizar, em suas páginas na internet, campo específico para o encaminhamento. Ao receber a documentação do candidato, as instituições de educação superior privada devem, obrigatoriamente, entregar ao candidato um comprovante da entrega da documentação.

Além disso, precisarão registrar a aprovação ou reprovação dos participantes no Sistema Informatizado do Prouni (Sisprouni) e emitir os termos de concessão de bolsa ou termos de reprovação até sexta-feira (16).

Os estudantes no programa federal devem ficar atentos quanto à existência de eventuais exigências adicionais por parte das instituições de ensino, como submeter os pré-selecionados a um processo seletivo próprio, que pode ser diferente do vestibular. Nestes casos, não poderá ser cobrada qualquer taxa do candidato.

O MEC informa que é de inteira responsabilidade do candidato verificar, na instituição, os horários e o local de comparecimento para a aferição das informações. A perda do prazo ou a não comprovação das informações implicará, automaticamente, na reprovação do candidato.

As regras estão disponíveis nos editais do Prouni de 2024.

Cronograma

Após o período de comprovação das informações, será divulgada em 20 de agosto a lista dos candidatos pré-selecionados para segunda chamada do segundo Prouni de 2024. O acesso à lista, também está no Portal Único de Acesso ao Ensino Superior. E a apresentação dos documentos pelos estudantes deverá ser feita até 30 de agosto.

Os estudantes que não foram pré-selecionados nas duas chamadas anteriores podem participar da lista de espera. Os interessados deverão manifestar seu interesse por meio da página do Prouni, entre 9 e 10 de setembro de 2024.

A lista de espera estará disponível no dia 13 de setembro, no Sistema do Prouni (Sisprouni), para consulta pelas instituições de educação superior e pelos candidatos.

Prouni

Criado em 2004, o Prouni custeia bolsas de estudo (integrais e parciais) em cursos de graduação e sequenciais de formação específica em instituições de educação superior privadas.

Para bolsas integrais, a renda familiar bruta mensal per capita do candidato inscrito não pode exceder o valor de um salário-mínimo e meio (R$ 2.118 por pessoa). No caso de bolsas parciais, a renda familiar bruta mensal por pessoa não pode ultrapassar o valor de três salários mínimos (R$ 4.236 por pessoa, em 2024).

O MEC aponta que o público-alvo a ser beneficiado é o estudante sem diploma de nível superior.

Para esclarecimento de dúvidas, o MEC disponibiliza o telefone 0800-616161.

Enem dos Concursos: banco de candidatos em lista de espera terá mais de 13 mil pessoas

 


Após três meses de adiamento por conta das chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul, o Concurso Público Nacional Unificado, o “Enem dos Concursos”, será realizado no próximo domingo, 18 de agosto. São mais de 2,1 milhões de inscritos para as 6.640 vagas em 21 órgãos da administração pública federal.


“O banco de candidatos é a nossa forma de nomear a lista de espera do concurso unificado. Dependendo da sua nota, você poderá estar apto a ocupar a vaga que você indicou como preferencial ou as seguintes. Sua nota pode ser baixa para a vaga de preferência, mas pode ser suficiente para as outras. O candidato concorre a todas as vagas em que se inscreveu dentro do bloco”

Pedro Assumpção
Assessor do Gabinete da Secretaria de Gestão de Pessoas (SGP) do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos


Organizador do certame, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) adotou um modelo de seleção inédito, semelhante ao do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em que os candidatos podem concorrer a diversos cargos e escolher a ordem de preferência, o que amplia as chances de aprovação. Além disso, o MGI formará um banco de candidatos aprovados em lista de espera, para futuras convocações.

Para cada um dos oito blocos temáticos será formado um banco de candidatos com o dobro do número de vagas imediatas do bloco. No total, serão mais de 13 mil classificados em todo o banco de candidatos. Serão considerados classificados aqueles que, após a soma das notas nas provas objetivas, discursivas e nas provas de títulos, estiverem classificados até o limite de duas vezes o número de vagas imediatas do bloco temático, com notas mais altas conforme o cargo e especialidade.

De acordo com o edital, serão levados em consideração os cargos e as especialidades com suas ordens de ranqueamento escolhidos na inscrição, além de levar em conta as vagas reservadas para negros, indígenas e pessoas com deficiência.

COMO FUNCIONA — Quem inicialmente não tiver nota suficiente para passar, por exemplo, em sua primeira opção de cargo, sinalizada no momento da inscrição, poderá atingir a nota mínima para entrar no seu segundo cargo prioritário, mas ainda segue no banco de candidatos para a primeira opção e tem chance de ser chamado, posteriormente (ainda que assuma o cargo que foi sua segunda opção).

Quem for contratado para sua terceira vaga de preferência, por exemplo, pode se manter no banco de candidatos para a sua primeira e segunda vagas escolhidas como prioritárias no momento da inscrição, tendo chance de ser convocado para ocupar posições melhores que surjam futuramente, se atingir os pré-requisitos.

“O banco de candidatos é a nossa forma de nomear a lista de espera do concurso unificado. Dependendo da sua nota, você poderá estar apto a ocupar a vaga que você indicou como preferencial ou as seguintes. Sua nota pode ser baixa para a vaga de preferência, mas pode ser suficiente para as outras. O candidato concorre a todas as vagas em que se inscreveu dentro do bloco”, explicou Pedro Assumpção, assessor do Gabinete da Secretaria de Gestão de Pessoas (SGP) do MGI.

NOVAS CONVOCAÇÕES — As novas convocações para cargos previstos no CPNU poderão ser feitas a cada seis meses ou conforme a necessidade e o fluxo de liberação e desocupação dos cargos. Também há a possibilidade das pessoas que estão no banco de candidatos em lista de espera serem chamadas a assumir vagas temporárias no serviço público federal. Caso o candidato assuma uma vaga temporária, ele seguirá no banco de candidatos, aguardando possíveis vagas efetivas, sem perder sua classificação.

REVISÃO DOS EDITAIS — O edital de retificação do concurso foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) na última sexta-feira, 9 de agosto. Houve alterações significativas, como a distribuição de folhas para anotação das respostas para candidatos que aguardarem até os 30 minutos finais de prova, em cada turno.

Outra alteração nos oito editais foi em relação à avaliação biopsicossocial de quem concorre à reserva de vagas para pessoas com deficiência. Foi esclarecido que a avaliação será feita por equipe multiprofissional baseada na documentação (atestado ou laudo ou relatório) enviada pelo candidato na inscrição, que ateste a espécie e o grau ou o nível de deficiência (se conhecida), bem como a provável causa da deficiência.

A data da perícia médica dos candidatos que se declararam com deficiência permanece a mesma divulgada anteriormente: entre 17 e 25 de outubro. Mas a divulgação dos resultados preliminares da avaliação biopsicossocial dos candidatos que se declararem com deficiência, assim como da avaliação de veracidade da autodeclaração prestada por candidatos concorrentes às vagas reservadas para negros e indígenas, passou do dia 01 de novembro para o dia 17 do mesmo mês.

A disponibilização da imagem do cartão-resposta, inicialmente prevista para o domingo 8 de setembro, foi corrigida para o dia 10 de setembro. Além disso, o procedimento de verificação da condição declarada para concorrer às vagas reservadas aos candidatos negros e indígenas, que aconteceria nos dias 26 e 27 de outubro, foi adiado para 2 e 3 de novembro, para não coincidir com o segundo turno das eleições municipais. As datas posteriores também tiveram alteração.

O edital de retificação também corrigiu o valor da gratificação do cargo de nível médio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). O valor já constava em medida provisória vigente em dezembro e que foi convertida na lei da carreira da Funai.

>>> Confira o Edital de Retificação e o cronograma atualizado

Incidente com avião da Azul fecha aeroporto de Florianópolis

Um incidente com um avião da companhia aérea Azul, na madrugada desta segunda-feira (12), interrompeu pousos e decolagens no Aeroporto Internacional de Florianópolis (SC) Hercílio Luz, impactando dezenas de voos.

Segundo a Azul, o problema ocorreu durante o pouso do jato E195-E2, fabricado pela Embraer, que fazia o voo AD 4225, na principal pista do aeroporto – 14/32. A aeronave partiu do Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, no início desta madrugada, e pousou na capital catarinense por volta das 2h30 de hoje.

“Por motivos técnicos, o voo AD 4225 apresentou danos nos pneus que impediram a aeronave de deixar a pista por meios próprios. O pouso aconteceu com segurança, assim como o desembarque dos clientes”, informou a empresa aérea, assegurando estar prestando a assistência devida aos clientes prejudicados.

De acordo com a Zurich Airport Brasil, concessionária que administra o Hercílio Luz, 35 voos já tinham sido impactados pelo incidente até as 12h30. Até a publicação desta reportagem, a pista 14/32 continuava interditada para pousos e decolagens – segundo a concessionária, sem previsão de reabertura.

O Aeroporto Internacional de Florianópolis possui duas pistas. Além da 14/32, de 2,4 mil metros de comprimento por 45 metros de largura, há também a chamada 03/21. Menor (1,5 mil metros x 45 metros), a segunda não comporta aeronaves com motores à reação, ou seja, jatos comerciais.

A orientação aos clientes da Azul que têm voos marcados para hoje é no sentido de entrar em contato com a companhia a fim de verificar a situação de seus voos e, se necessário, remarcá-los ou verificar outras alternativas.

A empresa pede aos clientes que deem preferência aos canais digitais de atendimento. Se necessário, os contatos telefônicos da empresa são o 0800 884 4040 (SAC); 4003-1118 (capitais e regiões metropolitanas) e 0800 887 1118 (outras localidades do Brasil).

Concurso Unificado: mais de 54 mil candidatos solicitam atendimento especial



O Concurso Público Nacional Unificado (CPNU), coordenado pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), está pronto para prestar ampla assistência aos candidatos e candidatas que solicitaram atendimento especial para o dia da prova, no próximo dia 18 de agosto.

No total, de acordo com o declarado no momento da inscrição, 54.219 pessoas poderão contar com apoio redobrado durante a prova. O atendimento especial é focado no público formado por Pessoas com Deficiência (PcD), autistas, gestantes e lactantes, além de outros candidatos que informaram limitações funcionais e necessidade de adaptações.

As solicitações encaminhadas por essa parcela de candidatos incluem, entre outros pontos, a colocação do candidato em salas de fácil acesso, fornecimento de mesa e cadeiras separadas, leitura labial, mesa para cadeiras de rodas, apoio para perna e pé, além de tempo adicional para a conclusão das provas. O atendimento às condições especiais solicitadas para a realização das provas passou por processo de análise de viabilidade e razoabilidade do pedido.

No momento da inscrição, foram identificados 1.551 pedidos de gestantes (em alguns casos, situação associada a outra condição/necessidade especial). Os principais apoios solicitados para esse público foram prestação da prova em sala de fácil acesso, apoio para perna e pé, além de mesa e cadeira separadas. Da mesma forma, foram registradas solicitações relativas a 1.874 lactantes, com pedidos de viés semelhante aos das gestantes.

Foram identificados também 7.035 solicitações de atendimento especial relacionados a autismo (alguns dos registros correlacionados também com a situação de gestante, de lactante ou outras condições). Entre as principais solicitações estão auxílio para leitura/transcrição, tempo adicional, sala de fácil acesso, mesa e cadeira separadas. As soluções oferecidas pelo CPNU vão atender também outras condições apontadas pelos candidatos, como deficiência intelectual, déficit de atenção, discalculia, afasia, entre outros.  No total, 43.926 pessoas se inscreveram como pessoas com deficiência.

Kits de provas especiais

Dos 54.219 candidatos, 47.093 (86,8%) contarão mecanismos de apoio e auxílio, mas pediram acesso à prova comum, como os demais concorrentes. Já os outros 7.126 candidatos receberão kits específicos de provas, preparados principalmente para candidatos com baixa visão, cegueira e/ou deficiência auditiva.

Ao todo, 3.650 desses candidatos receberão “uma prova ampliada macrotipo 18 e uma prova do ledor — vidente”. Em outros kits, também serão disponibilizadas provas em braile, prova ampliada — macrotipo 24, DVD com videoprova em libras, DVD com prova adaptada para leitor de tela, entre outros. Ao todo, serão 15 kits com tipos diferentes de provas, cada um em atendimento às necessidades específicas apontadas pelo candidato.

Cotas

O CPNU reserva 5% das vagas para Pessoas com Deficiência (PcD), conforme estabelecido nos editais de cada um dos oito blocos temáticos, em política inclusiva e afirmativa alinhada à legislação brasileira. Entre outros critérios, os editais estabelecem que “o candidato que solicitar atendimento para surdez, deficiência auditiva, surdocegueira, dislexia e/ou transtorno do espectro autista fará jus à correção diferenciada da prova discursiva, caso o documento, a declaração ou o parecer que motivou a solicitação de atendimento especializado seja aceito”.

Avaliação biopsicossocial

Os candidatos com inscrição deferida para concorrer às vagas reservadas às pessoas com deficiência, se aprovados na prova discursiva, serão convocados por meio do Edital de Convocação, por ordem de classificação. Entre 17 e 25 de outubro, eles passarão pela perícia médica (avaliação biopsicossocial), realizada presencialmente por equipe multiprofissional, designada pela Fundação Cesgranrio, de acordo com o artigo 5º do Decreto nº 9.508/2018, que emitirá parecer conclusivo sobre o enquadramento ou não da sua deficiência à luz da legislação e sobre a compatibilidade das atribuições do cargo/especialidade para o qual concorreu.

No edital de retificação publicado no Diário Oficial da União (DOU) da última sexta-feira (09/08) , foi foi esclarecido que a avaliação será feita por equipe multiprofissional baseada na documentação (atestado ou laudo ou relatório) enviada pelo candidato na inscrição, que ateste a espécie e o grau ou o nível de deficiência (se conhecida), bem como a provável causa da deficiência. A divulgação dos resultados preliminares da avaliação biopsicossocial dos candidatos que se declararam com deficiência passou do dia 01 de novembro para o dia 17 do mesmo mês.

CAFÉ DOS PAIS é abrilhantado por crianças da Escolinha da Sanfona em São José do Seridó


Todos os anos após a santa missa em alusão aos pais, em São José do Seridó acontece uma tradição que já acontece há mais de 10 anos na cidade que é o Café dos Pais.

Este evento é coordenado pela senhora Ilca Bezerra Dantas, atual primeira dama do município e por sua equipe de voluntários e objetiva celebrar com cada pai o seu momento de se confraternizar com seus filhos e demais familiares.

Este ano, o evento aconteceu em frente à Igreja de Nossa Senhora da Luz e foi abrilhantado por crianças que fazem parte da Escolinha de Sanfona Raimundo Florentino, que tem à frente o professor Gilvan do Acordeon e com a participação do ex-aluno da Escolinha e hoje já profissional, Vinicius Celestino.

Cidade da Paraíba abre inscrições para concurso público com salários de até R$ 2.424,00

 


As inscrições para o concurso público da Prefeitura de João Pessoa começa nesta segunda-feira (12). São 432 vagas, sendo 22 reservadas para Pessoa com Deficiência (PCD), para Agente Comunitário de Saúde e agente de Combate às Endemias. Os salários chegam até R$ 2.424,00.

Conforme antecipado pelo Portal Paraíba.com.br, os concursos têm até o dia 16 de setembro para realizarem a inscrição, no site da Idecan. Há a necessidade dos candidatos pagarem uma taxa de inscrição que custa R$ 100.

Vagas

As oportunidades são apenas para dois cargos, são eles:

Agente Comunitário de Saúde: Exercício de atividade de prevenção de doenças e promoção da saúde, mediante ações domiciliares ou comunitária, individuais ou coletivas, desenvolvidas em conformidade com as diretrizes do SUS e da Secretaria supervisão de estrada de 5 Municipal de Saúde, sob gestão da equipe de saúde da família e da unidade de saúde a que o agente estiver vinculado.

Agente de Combate às Endemias: Desenvolver atividades de 8 prevenção das doenças e promoção da saúde relacionadas ao controle ou erradicação de endemias ou zoonoses (dengue, febre amarela, malária, raiva, esquistossomose, leishmaniose chagas. escorpionismo. etc./ participar das ações de educação em saúde do serviço de zoonoses (individual ou orfi grupo) dos domicílios e comunidades, participar junto equipe de saúde da capacitação de recursos humanos, do planejamento e execução das ações de controle de vetores do serviço de zoonoses e outras atividades correlatas.

Resumo

  • Vagas: 432 vagas (com 22 vagas para PCD)
  • Níveis: Médio completo
  • Salários: R$ 2.424,00

Serviço itinerante de exames práticos do Detran estará em Caicó no dia 30 de agosto



O Departamento Estadual de Trânsito do RN (Detran) percorrerá 32 municípios do RN neste mês para aplicação itinerante dos testes práticos de direção veicular. Nesta quarta-feira (07), a cidade de Extremoz recebe a equipe de examinadores do Detran para avaliar os candidatos que desejam obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e que ainda precisam passar pelo exame prático.

Os municípios de Florânia, Caicó, Jardim do Seridó, Nova Cruz, Passa e Fica já receberam as equipes nos primeiros dias do serviço itinerante. O calendário dos exames práticos segue ainda por Goianinha (08/08), Goianinha e São José de Mipibu (09/08), Canguaretama (10/08), Arez (10/08), Alto do Rodrigues e Macau (12/08), Assu e Angicos (13/08), Assu e Lajes (14/08), João Câmara (15/08), Patu, Alexandria e Areia Branca (19/08), Pau dos Ferros (20/08), São Miguel e Umarizal (21/08), Apodi (22/08), Caraúbas (23/08), Lagoa Nova e Cerro-Corá (26/08), Acari e Currais Novos (27/08), Jaçanã e Parelhas (28/08), Santa Cruz (29/08), Jardim do Seridó e Caicó (30/08).

O agendamento dos exames práticos itinerantes é feito diretamente com o Centro de Formação de Condutores onde foi realizado o processo de primeira Habilitação. Mais informações sobre os exames teórico e prático de direção, e outros assuntos podem ser conferidos no Portal de Serviços do Detran/RN: https://portal.detran.rn.gov.br.

Primeira Habilitação

Para quem quer dar início à Primeira Habilitação, deve-se fazer a abertura do Processo em uma unidade do Detran ou no Centro de formação de Condutores (CFC) escolhido. Para atendimento em unidade do DETRAN, é preciso acessar o Portal de Serviços, escolhendo a opção Habilitação > Primeira Habilitação >iniciar processo de agendamento. A outra opção é se dirigir diretamente a um CFC.

Comissão de Educação avalia obrigatoriedade de profissional de apoio escolar na educação especial



A Comissão de Educação e Cultura (CE) tem reunião agendada para a terça-feira (13), às 10h, com onze itens pautados. Entre eles, está um projeto de lei que obriga as escolas a terem profissional de apoio escolar, quando necessário.

PL 4.050/2023 torna obrigatória a oferta desses profissionais em instituições públicas e privadas de ensino, de acordo com a necessidade de apoio a estudantes do público-alvo da educação especial, como alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades ou superdotação. 

O apoio escolar compreende o auxílio na alimentação, na higiene, na locomoção e em todas as atividades escolares nas quais for necessário. A relatora é a senadora Damares Alves (Republicanos-DF).

Outro projeto pautado é o PL 2.725/2022, que cria mecanismos de transparência pública e controle social na rede pública de ensino. O texto obriga a divulgação para a população de informações sobre a prestação de contas dos recursos públicos repassados.

O texto aprovado também determina o direito de acesso a informações públicas sobre a gestão da educação. O texto garante que pais e responsáveis dos estudantes poderão acessar dados sobre as avaliações de qualidade realizadas pelo poder público ou por organizações internacionais nas instituições de ensino mantidas pela iniciativa privada. O relator é o senador Alessandro Vieira (MDB-SE).

Também deve ser votado o PL 557/2020, que torna obrigatória a inclusão de abordagens femininas nos conteúdos curriculares do ensino fundamental e do ensino médio. O projeto também criar a Semana de Valorização de Mulheres que Fizeram História. 

As abordagens a serem incluídas nos currículos deverão abranger aspectos da história, da ciência, da arte e da cultura do Brasil e do mundo, de forma a resgatar as contribuições, as vivências e as conquistas de mulheres nas áreas científica, social, artística, cultural, econômica e política. 

A Semana de Valorização de Mulheres que Fizeram História será uma campanha anual que acontecerá na segunda semana do mês de março nas escolas de educação básica. A relatoria é da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS).

reunião da CE, cujo presidente é o senador Flávio Arns (PSB-PR), será na sala 15 da Ala Alexandre Costa.

Fonte: Agência Senado

Jovens em Gaza estão se mobilizando para aliviar o sofrimento e alimentar as esperanças da população afetada pela guerra

 


Jovens em Gaza estão se mobilizando para aliviar o sofrimento e alimentar as esperanças da população afetada por mais de 10 meses de guerra.

Às vésperas do Dia Internacional da Juventude, eles trazem uma mensagem de motivação e resiliência. Para Sarah Al Shamali, de 23 anos, habitante da Cidade de Gaza, “os jovens personificam a alma e a energia do país”.

Esperança que não se apaga

Antes da guerra começar ela dirigia sua própria empresa de mídia e design gráfico, onde aprimorou as habilidades de liderança que agora ensina a centenas de outros moradores de Gaza.

Sarah já foi deslocada nove vezes e hoje vive em um campo de refugiados lotado. Ela e seus colegas estão fornecendo apoio prático, desde programas educacionais até distribuição de água potável em diversos espaços de refúgio, cultivando um espírito de solidariedade entre os jovens de Gaza.

Sarah afirma que quer “mostrar ao mundo que nenhuma circunstância extinguirá a esperança dos jovens palestinos”.

A voluntária do Sharek Youth Forum, uma organização não governamental local da Faixa de Gaza, disse que é muito importante “fortalecer o papel dos jovens nas sociedades e investir em seu potencial”.

Em meio ao deslocamento forçado contínuo e à destruição em Gaza, as crianças estão recebendo um apoio psicossocial crucial

UNRWA

Em meio ao deslocamento forçado contínuo e à destruição em Gaza, as crianças estão recebendo um apoio psicossocial crucial

Iniciativas dirigidas por jovens

Cerca de 1,9 milhões de pessoas estão atualmente deslocadas no enclave, muitas delas já várias vezes. A maioria está vivendo em abrigos temporários, inseguros e insalubres. Nesses locais o acesso aos cuidados mais básicos de saúde é escasso e a exposição às doenças e violência de gênero é muito alta.

Um programa para jovens lançado em dezembro de 2023 com o apoio do Fundo de População da ONU, Unfpa, já envolveu quase 1mil voluntários para ajudar mais de 90 mil jovens em Gaza.

Financiada pela Education Above All, a iniciativa oferece aconselhamento psicológico, atividades de alívio do estresse, apoio a sobreviventes de violência de gênero, além de suprimentos e aconselhamento durante campanhas de saúde pública.

Os voluntários também distribuem suprimentos essenciais de higiene menstrual e sanitários para mulheres e meninas, reconstroem salas de aula e instalam banheiros e painéis solares em campos de deslocados.

Futuro mais pacífico

Tais esforços são essenciais não apenas para atender às necessidades psicossociais imediatas dos jovens, mas também para que os que foram afetados por conflitos e traumas sejam equipados com habilidades para reconstruir um futuro mais pacífico.

Cerca de um milhão de crianças precisam de apoio psicológico em toda Gaza. Ahmed Halabi, de 26 anos, disse que os menores estão vivenciando o que ele próprio passou quando era mais jovem: “dor, cerco e guerra”.

Ele nasceu e foi criado na Cidade de Gaza e agora é voluntário na organização local e parceira do Unfpa Save Youth Future Society.

Halabi canaliza sua própria experiência de infância vivendo sob ocupação israelense para projetar iniciativas lideradas por jovens que fornecem suporte psicológico principalmente para crianças, adolescentes e mulheres.

Ahmed Halabi usa a sua própria experiência de infância sob ocupação israelense para conceber iniciativas lideradas por jovens que prestam apoio psicológico a crianças, adolescentes e mulheres

Save Youth Future Society

Ahmed Halabi usa a sua própria experiência de infância sob ocupação israelense para conceber iniciativas lideradas por jovens que prestam apoio psicológico a crianças, adolescentes e mulheres

Espaços seguros para jovens

Uma das iniciativas encoraja jovens e meninos a assumir papéis de gênero positivos em suas famílias e diminuir seu estresse e raiva praticando esportes como futebol. Médicos também se vestem de palhaços para visitar crianças e prestar primeiros socorros.

O que começou com 10 voluntários ajudando 50 crianças agora se expandiu para 40 voluntários, alcançando mais de 300.

O Unfpa está apoiando seis espaços seguros em campos de deslocados na Cidade de Gaza e no norte de Gaza, que fornecem apoio psicossocial, cuidados de saúde sexual e reprodutiva, encaminhamentos para serviços jurídicos e kits essenciais de higiene.

Nesses espaços jovens voluntários envolvem seus pares em artes, esportes, canto, teatro e jogos.

Morre o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto

 


Delfim Netto, um dos economistas mais poderosos do País e também uma das figuras mais complexas da história brasileira, morreu na madrugada desta segunda-feira, 12, em São Paulo, aos 96 anos. O ex-ministro da Fazenda e ex-deputado federal estava internado desde 5 de agosto no Hospital Israelita Albert Einstein em decorrências de complicações no seu quadro de saúde.

Ele deixa filha e neto. Não haverá velório aberto e seu enterro será restrito à família.

Delfim foi ministro do regime militar nos governos dos generais Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici e João Baptista Figueiredo e deputado federal, mas também um dos principais conselheiros de presidentes petistas e de empresários.

Era ele que estava sob o comando da economia, entre 1967 e 1973, anos mais violentos da ditadura, quando o Produto Interno Bruto cresceu 85% e a renda per capita dos brasileiros, 62%. Delfim personificou o milagre brasileiro: em quatro anos, saiu 18 vezes na capa da revista Veja e era a figura do governo mais presente nas páginas dos jornais. Nenhum outro ministro concentrou tanto poder como ele.

Delfim não só testemunhou, como influenciou alguns dos momentos mais marcantes da história do Brasil. Estava presente (e votou a favor), no dia 13 de dezembro de 1968, quando o general Costa e Silva baixou o Ato Institucional número 5, decreto que acabou com liberdades políticas e deu poder de exceção a governantes para punir arbitrariamente os inimigos do regime. Foi protagonista do milagre econômico, que culminou mais tarde na crise do endividamento externo brasileiro. Viu a hiperinflação, a redemocratização, participou da Constituinte, criticou o Plano Real, ajudou o PT a chegar ao poder.

Aos 90 e poucos anos de idade, Delfim continuava contribuindo com o debate econômico e não parou de se atualizar: seguia estudando e produzindo artigos acadêmicos, em sua quinquagenária máquina de escrever Olympia. Com mais de 100 quilos em 1,60 metro de altura, o Gordo, como era chamado, tinha dificuldade para caminhar, mas não para debater economia.

“Delfim conversava muito, cuidava dos argumentos para garantir a civilidade, mas sempre encontrou formas sutis de entrever suas críticas”, diz o economista Marcos Lisboa. “Suas histórias eram permeadas de observações que despertavam a graça e a simpatia dos ouvintes, em meio a críticas que despontavam ocasionalmente, desde que o ouvido fosse apurado.”

O ex-ministro não veio da elite. Neto de imigrantes italianos, nasceu e cresceu no bairro do Cambuci, em São Paulo. Sua mãe, Maria, era costureira e ficou viúva quando o filho tinha nove anos.

O pai, José, trabalhava na empresa de transportes da prefeitura de São Paulo (CMTC). Mas era o avô paterno – o Antônio que lhe deu o nome – sua grande referência: o italiano que veio para o Brasil nos anos 1880 para trabalhar na lavoura de café acabou fazendo a vida na capital, calçando ruas a serviço da prefeitura. De calceteiro virou dono de uma mina de pedras e passou a ser fornecedor do poder público – história que Delfim adorava contar.

Uspiano ilustre

Estudante de escola pública, com curso técnico em contabilidade, o ex-ministro começou sua formação intelectual aos 14 anos, quando trabalhava como office-boy na Gessy Lever. Inspirado por um funcionário, começou a ler os socialistas fabianos, representantes de um movimento britânico que defendia uma passagem gradual para o socialismo, sem luta de classes – corrente que mais tarde ele criticaria. Está aí a origem do nome de sua única filha, Fabiana.

Embora sonhasse em ser engenheiro, Delfim precisava de um curso que lhe permitisse trabalhar meio período – condição que o fez cursar economia na USP e prestar concurso público para o Departamento de Estradas de Rodagem (DER).

Foi estudando sozinho que conseguiu entrar na universidade. Seu gosto por garimpar livros em sebos e livrarias o fez montar uma biblioteca com quase 300 mil títulos, parte deles doados para a USP.

Na universidade paulista, onde foi aluno e professor, participou de um movimento que revolucionou o pensamento econômico no Brasil, aos moldes do que já se fazia fora do País: a narrativa começava a dar lugar ao uso de dados e à econometria.

Sua tese de doutorado sobre “O Problema do Café no Brasil” virou livro e é uma referência até hoje. Delfim desmontou os argumentos que sustentavam a intervenção brasileira no mercado mundial do café e a ideia de que os cafeicultores precisavam ser protegidos.

Nessa época, ele já prestava assessoria econômica para a Associação Comercial de São Paulo e mantinha uma forte relação com o empresariado paulista. Depois que os militares tomaram o poder, Delfim Netto se articulou para influenciar os rumos da economia, tentando convencer os ministros de que não era preciso fazer um ajuste fiscal tão forte, mas sim impulsionar a atividade econômica. O PIB, depois de crescer mais de 7% ao ano com Jânio Quadros, estava patinando com os militares.

Sua escalada ao poder começou no governo de Costa e Silva. Quando se preparava para assumir a Presidência, o general promoveu uma série de seminários em um apartamento de Copacabana para ouvir possíveis integrantes de seu futuro governo.

O professor da USP, Delfim Netto, estava entre os escolhidos. Com gráficos desenhados em cartolinas, ele falou sobre agricultura e ganhou a simpatia do general. Tempos depois, Delfim foi chamado para uma reunião no Rio e, quando saiu, disse a um de seus pupilos, o economista Carlos Alberto de Andrade Pinto: “Se prepare que agora nós vamos mandar. Fica quieto, não fala nada, mas agora nós vamos mandar.” O episódio foi relatado pelo jornalista Rafael Cariello, em 2014, na revista Piauí.

Aos 39 anos, quando Delfim Netto chegou ao Rio para assumir o Ministério da Fazenda, a elite carioca apostava que ele não duraria nem um ano no cargo. “No Rio, era o seguinte: chegou esse gordo, italiano e vesgo. Nós vamos matá-lo em seis meses, tá certo? E além de tudo tem uns animais estranhos com ele, uns japoneses”, contou certa vez.

Não demorou para que os “animais estranhos” fossem apelidados de Delfim Boys: eram duas dezenas de colaboradores, muitos deles ex-alunos, que acompanharam o ministro na capital federal. Para entrar no grupo, como na máfia, havia um requisito inegociável: lealdade. Seus pupilos podiam errar o quanto quisessem, desde que fossem leais.

Com centenas de pessoas em tudo quanto era lugar, Delfim Netto multiplicou seu poder de informação e sua influência no governo. “Raras vezes vi alguém com essas duas características que o Delfim tem: a curiosidade intelectual e a ambição pelo poder”, disse certa vez o economista Eduardo Giannetti da Fonseca.

O ex-ministro nunca se vinculou a uma escola de pensamento econômico. Dizia que “não existe mercado sem Estado e não existe desenvolvimento sem mercado.” Defendia o caminho do meio: “Nem considerar a teoria econômica como uma religião, da qual o economista é portador, divulgador e defensor; nem achar que o Estado é onisciente e, portanto, não pode ser nem onipresente nem onipotente”.

‘Todo poderoso’

Onipotente era um adjetivo que cabia bem a Delfim enquanto ele esteve na Fazenda. Ao assumir o comando, para reverter o baixo crescimento que herdou de seus antecessores (os ministros da Fazenda, Octávio Gouvêa de Bulhões, e do Planejamento, Roberto Campos), Delfim Netto ampliou subsídios e adotou uma política agressiva de estímulo às exportações e ao crédito. Os bancos estatais, controlados pelo ministro, injetavam recursos na economia e o Orçamento estava sob seu controle. Os ministros que bateram de frente com o Gordo caíram. Empresários foram chamados por ele a financiar o combate à subversão e compareceram.

Na reunião que instituiu o AI-5, sugeriu que o decreto não bastava e que o presidente deveria ter ainda mais poder. Em depoimento à Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo, em junho de 2013, Delfim afirmou que não se arrependia de ter sido um dos elaboradores do AI-5. “Se as condições fossem as mesmas e o futuro não fosse opaco, eu repetiria. Eu não só assinei o AI-5 como assinei a Constituição de 1988.”

Sob o comando de Delfim, o país investiu em grandes obras de infraestrutura, como a Ponte Rio-Niterói e a nunca terminada rodovia Transamazônica. Para reduzir a inflação, ele manipulou os preços dos alimentos: sabia exatamente quais gêneros entravam no cálculo do índice feito pela Fundação Getúlio Vargas, apenas no Rio, e dava um jeito de aumentar a oferta desses produtos na cidade, derrubando os preços.

Depois de mandar e desmandar na economia durante os governos de Costa e Silva e Médici, Delfim tinha pretensões políticas: queria ser governador de São Paulo em 1974 e presidente da república em 79. Mas o quarto presidente do regime militar cortou-lhe as asas. Ernesto Geisel, que era presidente da Petrobrás no governo Médici, sempre implicou com Delfim.

O clima entre eles ficou pior entre 73 e 74, quando o preço do barril de petróleo quadruplicou. O chefe da petroleira, já escolhido como próximo presidente militar, queria antecipar o aumento do combustível, mas Delfim negou o reajuste. “Quem vai aumentar é você”, disse o economista. Indícios de corrupção também ajudaram a derrubar o ministro da Fazenda e sua equipe. Com o objetivo de barrar as pretensões políticas de Delfim, Geisel o nomeou embaixador brasileiro em Paris.

Três anos depois, já no governo de Figueiredo, Delfim Netto volta ao Brasil e, apoiado por empresários, assume um dos ministérios – desta vez o da Agricultura. Nos meses seguintes, ele derrubaria os ministros da Fazenda Karlos Rischbieter, e do Planejamento, Mário Henrique Simonsen. E voltaria a assumir o controle da economia, não mais para pilotar o milagre, mas para gerir uma crise.

Depois do choque do petróleo, o governo e as empresas tomaram empréstimos a um custo baixo no exterior. Em 1981, quando os EUA elevaram a taxa de juros, a dívida brasileira explodiu e o País quebrou.

No ano seguinte, teve de recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Delfim Netto ficaria no comando da economia, como ministro do Planejamento, até o fim do regime militar. Ele entregou o País com uma inflação anual de 235% e uma dívida quase quatro vezes maior do que a do início da ditadura. A inflação só voltaria a ficar sob controle depois do Plano Real.

Ao deixar o governo Figueiredo, mesmo em meio a uma série de denúncias de irregularidades, como a cobrança de propina para facilitar negócios de empresas francesas no Brasil, Delfim Netto se candidatou a deputado federal pelo PDS (antigo Arena) e voltou para Brasília – onde ficaria por cinco mandatos até perder as eleições em 2006. Ele dava risada ao lembrar que, nessa época, era o terror da esquerda brasileira. “O pessoal do PT saía do elevador quando me encontrava, achando que aquilo ia me incomodar.”

Como deputado federal, participou da constituinte e foi um crítico das políticas econômicas de Sarney, Fernando Collor de Mello, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. Quando o Plano Real foi anunciado, em fevereiro de 1994, considerou-o “eleitoreiro” e defendeu uma política de “privatizações selvagens” para controle da inflação – mais tarde ele mudaria de ideia em relação ao plano, mas continuaria sendo oposição a FHC, a quem chamava de “exterminador do presente”. Dizia que os juros altos eram a “tragédia do trabalhador desempregado e a alegria do banqueiro endinheirado” – um discurso que começou a agradar até a seus adversários históricos da esquerda.