quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Líderes do PSB e partidos coligados são favoráveis à candidatura de Marina

  • Murillo Constantino/Agência O Dia/Estadão Conteúdo
    Visivelmente abatida, Marina afirmou ontem (13), em rápido pronunciamento, que aprendeu a respeitar, admirar e confiar nas atitudes e ideais de Campos
    Visivelmente abatida, Marina afirmou ontem (13), em rápido pronunciamento, que aprendeu a respeitar, admirar e confiar nas atitudes e ideais de Campos
Líderes do PSB afirmaram, em entrevista nesta quinta-feira (14) ao UOL, serem favoráveis que a ex-senadora Marina Silva seja a escolhida pelo partido para disputar a Presidência da República no lugar de Eduardo Campos, morto ontem (13) em acidente aéreo ocorrido em Santos (72 km de São Paulo). Outros seis ocupantes da aeronave --dois tripulantes e quatro integrantes da equipe de campanha de Campos-- também morreram.
A definição sobre a candidatura presidencial será tomada pelo PSB somente após o sepultamento de Campos, de acordo com as principais lideranças da sigla. O partido, entretanto, tem dez dias para escolher um substituto. Além disso, na próxima terça-feira (19) começam a ser exibidos os programas eleitorais na televisão e no rádio.

A reportagem entrevistou três senadores que integram a Executiva nacional do PSB. Todos disseram que a definição sobre a candidatura só começará a ser tomada após o enterro de Campos, mas afirmaram que o "caminho natural" é a escolha de Marina.
Quem é quem na coligação do PSB
  • Alan Marques/Folhapress
    Roberto Amaral, presidente nacional do PSB
    Herdou o cargo após a morte de Campos; tem divergências com Marina
  •  
  • Kleyton Amorim/UOL
    Rodrigo Rollemberg, líder do PSB no Senado
    Candidato ao governo do DF, é favorável à candidatura de Marina
  •  
  • Sergio Lima/Folhapress
    Beto Albuquerque, líder do PSB na Câmara
    Um dos principais responsáveis pela articulação política do PSB
  •  
  • Pedro Ladeira - 8.out.2013/Folhapress
    Carlos Siqueira, coordenador da campanha presidencial do PSB
    Também é primeiro secretário do PSB
  •  
  • Bruno Poletti/Folhapress
    Márcio França, presidente do PSB-SP
    Candidato a vice governador em SP na chapa com Alckmin, é aliado do PSDB
  •  
  • Carlos Cecconello/Folhapress
    Walter Feldman, deputado federal
    Integrante da Rede, é um dos articuladores de Marina
  •  
  • Sérgio Lima/Folhapress
    Roberto Freire, presidente do PPS
    Líder do PPS, principal sigla da coligação com o PSB
Fonte: Pol
"A questão é: quem é a pessoa mais preparada para assumir a direção desse projeto? O PSB vai tomar essa decisão, só vamos discutir isso após o sepultamento, mas, no meu entendimento, o caminho natural é a escolha da Marina", afirmou o líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF), candidato do PSB no Distrito Federal.
Para o senador João Capiberibe (AP), segundo vice-presidente da sigla, o partido avaliará os "prós e contras" de cada escolha, mas, em sua opinião, vai "chegar a conclusão de que o melhor caminho é a Marina".
"Até porque Eduardo e Marina tinham um entendimento profundo. Em nenhum momento Marina colocou em dúvida qualquer possibilidade de reivindicar a cabeça de chapa. O partido deve encaminhar a candidatura da Marina", afirmou.
O também senador Antonio Carlos Valadares (SE) vê "Marina bem colocada" para assumir a candidatura e afirmou que a ex-senadora "é uma vice que acompanhou todos os passos do Eduardo" e que deve o "conhecer de perto".
A senadora Lídice da Mata, candidata ao governo da Bahia, preferiu não manifestar sua opinião e disse que seu "compromisso é construir uma alternativa" aos petistas e tucanos. A candidata do PSB afirmou que o partido "sequer começou a conversar" e o que houve até agora foram "manifestações individuais."
O ex-deputado Walter Feldman (PSB-SP), quadro da Rede Sustentabilidade, disse hoje que Marina pediu para que as discussões políticas fiquem "congeladas" até a identificação e enterro dos corpos do acidente.
Além os senadores, o advogado e escritor Antonio Campos, irmão de Eduardo e integrante do diretório nacional do PSB, escreveu uma carta aos correligionários em defesa da candidatura de Marina. 
Entenda o processo de escolha do novo candidato
  • Corrida contra o tempo
    Os partidos da coligação encabeçada pelo PSB têm que definir o candidato até 24 de agosto. O horário eleitoral, no entanto, começa no dia 19
  • Executivas decidem
    A escolha do novo candidato à presidente pela coligação (PSB, PHS, PRP, PPS, PPL e PSL) deverá ser feita por decisão da maioria absoluta dos órgãos executivos de direção de cada partido.
  • Novas convenções
    Segundo o TSE, o mais provável é que seja realizada uma nova convenção partidária para consultar os correligionários, mas que a decisão vai depender da coligação nacional.
  • PSB tem preferência
    O substituto poderá ser filiado a qualquer partido que integre a aliança, desde que o PSB renuncie ao direito de preferência
  • Candidatura cancelada
    A resolução ainda determina que os Tribunais Eleitorais deverão, de ofício, cancelar automaticamente o registro do candidato que morrer.
  • Coligações definidas
    Os partidos não podem mais deixar a coligação para se integrar a outra chapa.

Partidos coligados

Também são favoráveis à ex-senadora os partidos que estão coligados com PSB na chapa presidencial, entre eles o PPS. "Não é só o PSB quem vai decidir, são todos os partidos da coligação. O PPS ainda não conversou, mas estamos trabalhando para manter a unidade. A candidatura de Marina seria o mais provável. Ela assumiu esse compromisso de manter a unidade em torno do programa", afirmou o deputado federal Roberto Freire (SP), presidente do PPS.
Para Freire, o nome de Marina é capaz de unificar o PSB e os coligados. "Ela está preparada para isso, entendeu o programa que unificava ela e o Eduardo e como dar continuidade a isso."

Controvérsia

Com Marina candidata, aumentam as chances de o PSB ir ao segundo turno, considerando o desempenho da ex-senadora nas eleições 2010, em que ela obteve 19% dos votos, e o fato de ela ser uma figura mais conhecida nacionalmente do que o pernambucano.
Ao escolhê-la, a sigla aumenta as chances de eleger, pela primeira vez, um presidente, quebrando a hegemonia de PT e PSDB e consolidando a aposta em uma "terceira via". 
Por outro lado, o nome de Marina enfrenta resistência de setores do partido. A ex-senadora filiou-se ao PSB após o registro de sua organização, a Rede Sustentabilidade, ter sido rejeitado pela Justiça Eleitoral.
Na ocasião, Marina afirmou que seu ingresso na sigla tratava-se de uma "filiação democrática", mas nunca escondeu que migraria à Rede quando o partido fosse legalizado. Isso quer dizer que, no caso de uma vitória de Marina nas urnas, é provável que, mesmo na Presidência, ela troque o PSB pela Rede quando a sigla for fundada.
Além disso, Marina foi contrária à aliança do PSB com o PSDB em São Paulo e com o PT no Rio de Janeiro, tanto é que ela se recusa a participar de atos de campanha ao lado do tucano Geraldo Alckmin e do petista Lindberg Farias. Marina também incomoda os representantes do agronegócio, setor que exerce influência no PSB.
Para João Capiberibe, a definição dependerá também dos resultados das primeiras pesquisas eleitorais após a morte de Campos. O desempenho de Marina nos levantamentos, diz o senador, pode ser decisivo para unificar o partido em torno da ex-senadora.
"Assim como o Eduardo vinha crescendo, Marina vai ter uma grande recepção do eleitorado. Isso acaba ajudando na unidade. A voz da rua é decisiva neste momento. Teremos um ou outro foco de resistência, mas o caminho natural é que ela continue o trabalho do Eduardo", disse.
Capiberibe não vê problemas se Marina vencer o pleito pelo PSB e depois trocar a sigla pela Rede. "O desejo dela em fundar a Rede foi posto sempre com muita clareza desde o começo. Ela vai estar livre [para fazer a troca], mas no governo haverá uma aliança sólida. Não vejo qualquer incompatibilidade em ela manter o compromisso com a Rede e a nossa aliança. Isso não seria um obstáculo no futuro." 
Guilherme Balza
Do UOL, em São Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário